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Governo brasileiro, Fórum SBTVD e emissoras esperam lançar a TV 3.0 em 2025

Os principais requisitos da TV 3.0 passam por melhor imagem, áudio imersivo, segmentação geográfica, acessibilidade avançada, mobilidade, interface baseada em aplicativos, otimização do uso do espectro, personalização e alertas de emergência, onde o DTV Play passa a ser o centro da experiência

O processo que levará a televisão brasileira a um novo patamar tecnológico está avançado. Começou em julho de 2020 quando o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) lançou uma chamada internacional (Call for Proposals) para receber propostas de tecnologias do Brasil e de outros países. No total, 21 organizações de diferentes países responderam à chamada internacional. Desde esse momento se passou por fase de testes em laboratório, em campo e hoje o processo avança, e se encontra na fase 3, que é a de testes complementares (fase de teste da camadas física e desenvolvimento da camada de transporte), desenvolvimento e estandardização.

Em abril de 2023, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, publicou um decreto que determinou as diretrizes para a evolução do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (TV 3.0), e para garantir a disponibilidade de espectro de radiofreqüências para a sua implantação. 

O decreto N 11484 de 6 de abril de 2023, “Dispõe sobre as diretrizes para a evolução do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre e para garantir a disponibilidade de espectro de radiofreqüências para a sua implantação” e afirma no Artigo N3 que “o Ministério das Comunicações apoiará o Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre – Fórum SBTVD para que os estudos relacionados às inovações tecnológicas que poderão compor a TV 3.0 sejam concluídos até 31 de dezembro de 2024, incluídos os requisitos técnicos para os receptores que permitirão a adaptação da tecnologia de televisão digital atual para a TV 3.0”. 

TV 2.5

Hoje no Brasil está disponível a TV 2.5, uma evolução do ISDB-Tb, – também uma adaptação do sistema adotado no Japão – que por meio do DTV Play, integra a internet com a TV aberta, o que possibilita a oferta de conteúdo direcionado e vídeo sob demanda. O Fórum explica que “os recursos (opcionais) de áudio imersivo e HDR (High Dynamic Range) oferecem ao usuário uma experiência aprimorada em conteúdos audiovisuais”, mas a TV 3.0 vai mais além, já que possui todas as features oferecidas no padrão anterior, mas permite “assistir a conteúdo personalizado para cada usuário. Além disso, a experiência de TV será baseada em aplicativos; transmissão de vídeos será em UHD (Ultra High Definition), com HDR e áudio imersivo; e recursos de acessibilidade aprimorados.

TV 3.0

Como dito acima, a fase 3 do Projeto do Fórum está em andamento. De março a agosto de 2023, a entidade realiza a avaliação subjetiva da qualidade da codificação do vídeo (para determinar o bitrate necessário) e testes laboratoriais complementares para a seleção da tecnologia da camada física. Em setembro de 2023, serão selecionadas duas tecnologias candidatas à camada física para seguirem para os testes de campo, que ocorrerão de outubro de 2023 a março de 2024. A decisão final sobre a tecnologia da camada física está prevista para abril de 2024. A especificação técnica correspondente será elaborada de maio a agosto de 2024.

Entretanto, R&D na camada de transporte (desenvolvimento das necessárias adaptações e extensões à especificação ROUTE/DASH, juntamente com uma implementação mux/demux de referência) e a codificação da aplicação (desenvolvimento de adaptações e extensões ao DTV Play para aplicação de códigos na TV 3, juntamente com um IDE e uma suíte de testes) e a elaboração das respectivas especificações técnicas ocorrerá de março de 2023 a agosto de 2024.

De acordo com o Decreto e o trabalho do Fórum as principais características da TV 3.0 são:

• Qualidade audiovisual superior à geração anterior de TV Digital, com transmissões em até 8K, Recepção que pode ser fixa (com antena externa e interna) ou móvel, áudio imersivo; 

TV 3.0_Integração.jpg

• Integração entre conteúdo transmitido pelo serviço de radiodifusão (Broadcast) e pela internet (Broadband);

• Interface de usuário baseada em aplicativos;

TV 3.0_Aplicativos.jpg

• Acessibilidade avançada terá áudio-descrição e libras. Com a primeira o usuário deficiente visual que consome o conteúdo acústico reproduzido pela TV terá ainda a possibilidade de receber o conteúdo acústico fornecido pelo aplicativo de celular, isto é, áudio descrição, onde ambos conteúdos são fornecidos de forma síncrona. Pela sua parte, o deficiente auditivo poderá consumir o conteúdo visual reproduzido pela TV e simultaneamente acompanhar o contexto pelo Avatar em seu tablet que está reproduzindo o conteúdo em libras.

Os principais requisitos da TV 3.0 passam por melhor imagem, áudio imersivo, segmentação geográfica, acessibilidade avançada, mobilidade, interface baseada em aplicativos, otimização do uso do espectro, personalização e alertas de emergência, onde o DTV Play passa a ser o centro da experiência

TV 3.0_Accessibilidade avançada.jpg
Indústria envolvida no Projeto TV 3.0

O projeto lançado pelo Fórum em 2020 teve forte adesão da indústria nacional e internacional, foram 21 propostas de empresas e entidades como como DiBeg (Digital Broadcasting Experts Group), ETRI (Electronic and Telecommunications Research Institute); ATSC; Qualcomm; Rohde&Schwarz; Kathrein; DTNEL; NERCDTV; Interdigital, Ateme, Fraunhofer HHI; V-Nova, Harmonic, Phase; Philips, Dolby; Samsung; entre outras.

Na segunda fase de testes, as universidades brasileiras foram fundamentais. Os recursos disponibilizados pelo Ministério das Comunicações do Brasil (MCom) destinaram-se ao pagamento de bolsas de estudos aos pesquisadores envolvidos. Os equipamentos utilizados nos testes foram fornecidos pelos proponentes das tecnologias candidatas, pelas Universidades participantes e membros do Fórum SBTVD. Os sistemas de antenas transmissoras utilizados nos testes de campo da Camada Física foram fornecidos pela Ideal Antenas e RFS. A Teletronix forneceu amplificadores de driver UHF para uso nos testes da Camada Física. O rasterizador usado nos testes de codificação de vídeo foi fornecido pela Phabrix.

Na fase 3, atual, a colaboração contínua, de fato, no SET EXPO 2023, no stand do Fórum se apresentam as demonstrações que serão realizadas em parceria com empresas e instituições acadêmicas com o tema “O Desenvolvimento de uma Nova Era da Televisão Aberta Digital e Gratuita”.

O instituto de pesquisas Fraunhofer, da Alemanha, apresentará as funcionalidades da TV 2.5 e TV 3.0 e fará a primeira demonstração do VVC (Versatile Video Coding) em dispositivos móveis, combinando-o com o MPEG-H áudio. A EiTV exibirá o EiTV DTV Play, implementação do perfil D do middleware Ginga, também conhecido como DTV Play. O recurso permite que as emissoras de TV aberta entreguem conteúdos personalizados baseados nos perfis de telespectadores conectados à programação.

O setor acadêmico, também participante no Fórum SBTVD, demonstrará o resultado dos trabalhos em pesquisa e desenvolvimento para a TV 3.0. A equipe de P&D em codificação de Aplicações, coordenada pelo Prof. Marcelo Moreno, vai demonstrar versões iniciais de quatro diferentes aplicativos de caso de uso da TV 3.0: experiência de TV baseada em aplicativos, TV multissensorial e realidade virtual, novas formas de interagir com os conteúdos dos radiodifusores e tecnologia voltada à acessibilidade.

A Universidade Federal Fluminense, cujos trabalhos de P&D são coordenados pela Prof. Débora Muchaluat-Saade fará demonstrações de TV multissensorial, multimodal e realidade virtual.

Se quiser ver todas as fases do Projeto TV 3.0 e as empresas participantes, clique aqui

Raymundo Barros no Cafe com SOR na Anatel
Futuro

Raymundo Barros, Diretor de Estratégia & Tecnologia da Globo, presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), e conselheiro da SET, disse no «Café com SOR«, evento realizado recentemente na sede da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em Brasília, que para a TV 3.0 chegar a casa dos brasileiros é importante manter “o espectro de UHF utilizado na transmissão de TV aberta terrestre porque este é cobiçado pelo sector das telecomunicações móveis ao redor do mundo. A manutenção desse espectro para a radiodifusão é fundamental para a concretização da TV 3.0 no Brasil e para a sua internacionalização”.

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