Saltar al contenido

Claro y Sky defendem no PayTV Fórum que a TV paga brasileira precisa encontrar um novo modelo de negocio

Informe 1 PayTV Fórum

A edição 2023 do PayTV Fórum começou nesta terça-feira (22/8) na capital paulista com formato presencial e casa cheia. No inicio da manhã entrevistas aos presidentes da Claro e Sky Brasil mostraram que o modelo de TV paga precisa ser modificado e que o investimento em capex para as operadoras é coisa do passado. Para os participantes a pirataria é o principal problema a enfrentar para tentar recuperar base de assinantes, mas já não no modelo de set-top-boxs, mas sim no modelo de streaming. Por outro lado, executivos apontam a Big Techs como grandes rivais na hora de alavancar a indústria audiovisual.

Cicero Aragon (Box Brazil), Oscar Simões (Presidente da ABTA). Ricardo ; José Felix (Claro)

A edição deste ano destaca os 10 anos do modelo do SeAC; o empacotamento de serviços OTT e o desempacotamento das ofertas lineares; os desafios do marketing dos conteúdos e a diferenciação das ofertas; a transformação tecnológica das redes; a exclusividade de conteúdos; e as perspectivas de mercado e hábitos de consumo. Isso em um momento complexo, onde operadoras, programadoras e canais de TV por assinatura passaram por profundas mudanças em seus modelos de negócio, enquanto continua a aumentar a distribuição de conteúdos OTT, as plataformas e aplicativos, as operadoras virtuais, e conteúdos on-demand e streaming que complementam as ofertas tradicionais, e o mercado vive novos desafios e oportunidades, e participantes dos debates tentaram analisá-los.

Fim do modelo tradicional de TV paga

Presidente da Claro, José Felix

O presidente da Claro, José Felix, foi categórico e disse no PayTV Fórum que “a TV por assinatura de lá atrás não existe mais. Neste ano deve perder outros 2 milhões de assinantes. A representatividade da TV por assinatura na Claro caiu pela metade, uma realidade inegável”, porque desde a sua ótica  a dinâmica do mercado mudou.

Na entrevista com Samuel Possebom da Teletime, organizadora do evento, Felix disse que quem vê o novo modelo, o modelo de streaming, primeiro se assusta, e mais tarde, pela ambição dos executivos se percebe são muito difíceis de serem administrados. “Sabemos que o modelo de PayTV foi enterrado pelos provedores de conteúdo, que tiveram a visão de um futuro maravilhoso, e a vontade de não ter intermediários (…) Deveríamos ter feito a transição equilibrada, houve um desespero, uma corrida maluca a qual os provedores se lançaram. Se viu o sucesso da Netflix, mas não se viu o investimento que a empresa fazia”. Assim, segundo Felix, “todo o mundo se atirou ao streaming seguindo a Netflix, um mundo diferente ao do PayTV que vivia em equilíbrio, onde todo o mundo conhecia o seu papel, onde estava pisando e sabia os seus limites. Era um mundo com limites e estradas muito definidas e quantificáveis; com este novo mundo desconhecido com muito sonhos, levou a todos a se atirarem (…) sem saber os limites”.

Nesse contexto, disse, “precisamos achar novos modelos com a obsessão absoluta por custo, o novo modelo requer uma obsessão por redução de custos. O modelo antigo tinha de ser remunerado porque a caixinha ficava velha, pelas comissões. No novo temos de ter um modelo digital, orientado a custos”.

Pirataria e Big Techs

Gustavo Fonseca, presidente da SKY Brasil

Gustavo Fonseca, presidente da SKY Brasil, afirmou que a pirataria é o principal problema do setor, e que o crescimento das Big Techs requer de uma ação conjunta das operadoras para não desaparecerem. Fonseca disse que se não se faz algo urgente, elas engoliram os operadores. “Não há limites para o apetite das Big Techs nem no Brasil”, nem na América Latina, “elas vão virar os gorilas da indústria”.

Segundo ele, é necessário que as Big Techs ajudem.  O grande desafio é a pirataria. “Cada vez que pensamos em aumento de preço na ponta, mas estimulamos a pirataria. Pensem quanto de tempo e dinheiro deram a segurança de conteúdo. Precisamos repensar isso e colocar na pauta, porque de alguma maneira estamos estimulando o roubo de conteúdo”. Fonseca disse ainda que independentemente do modelo que se adote, sempre haverá custos em capex, mas “se resolvermos a pirataria, voltará tanta gente ao mercado que isso o reordenará”.

Monica Pimentel da Disocvery, Marcelo Zeni da MewcoBand, Patricia Koslinski da Globo, Mauricio Alvarenga da Stenna e Fernando Lutemberg da TelaViva

Em termos de modelo de negócio, a pressão das Bigs Techs fará, segundo Fonseca, que “se acelere o modelo digital. O que esta acontecendo que o melhor da programação, do conteúdo agora nasce muito rápido no streaming, com o valor do streaming desviado. Estamos estimulando o negócio das Big Techs!”.

Streaming e retenção de churning

A palestra, “a realidade depois do hype do streaming”, de Ivan Vitório, gerente de insights da Parrot Analytics, trouxe ao PayTV Fórum dados interessantes sobre o consumo nas plataformas de streaming. Vitório disse que as prioridades e estratégias das plataformas mudaram, “estamos entrando em uma nova onda do streaming, a onda do Valor/Consumidor onde se trabalha em reter e maximizar o valor de um consumidor”.

O painel: “A nova cara da distribuição de conteúdo por assinatura”, teve a participação de Maurício Almeida, presidente da Watch Brasil; Ricardo Falcão, diretor de TV da Claro; Jurandir Pitsch, VP de vendas da SES; e Rogério Garchet, Head de inovação e experiência do cliente da Vero. Nele foram debatidos os novos atores que estão ocupando espaço e desbravando territórios, e com os players que saíram do modelo tradicional e buscaram novas formas de entregar serviços.

Ricardo Falcão, diretor de TV da Claro

Ricardo Falcão (Claro), disse que o BOX “passou a ter uma relevância significativa”, e com este produto “reduzimos o churning dos pacotes tradicionais”. O executivo disse que o empacotamento, que é igual tanto no tradicional como no OTT e no APPs alavancou as vendas: “Hoje evoluímos na estabilidade do produto porque temos experiência, temos um produto de excelência, estável, no qual temos investido bastante. Temos uma missão, traçamos um caminho e estamos investindo nele, mas precisamos achar um ponto que seja rentável. A capacidade de investimento fez que tivéssemos um BOX muito estável com CDN e SNs muito robustas o que nos dá um cenário muito positivo para o Claro BOX com custos muito menores, quebrando paradigmas nossos com processos de auto-instalação. Apreendemos a fazer este negocio”.

Pela sua parte, Maurício Almeida (Watch Brasi)l, disse que no pós pandemia se deu o fenômeno dos clientes terem disponível muita banda. “Percebemos que a estratégia do conteúdo, a gestão do portfólio passou a ser importante. Em 2023 e 2024 serão anos de crescimento bastante forte. No início da Watch o mercado tinha uma política de preços com um empacotamento antigo. Hoje os detentores de conteúdo trabalham com modelos do mundo novo, o que faz que o mercado seja promissor, tanto que estamos começando a trabalhar com plataformas freemiuns”.

Jurandir Pitsch (SES) disse que o satélite continua a ser importante para a distribuição de vídeo. Na empresa representa 1 bilhão de euros por ano, contando as plataformas de DTH e de distribuição de cabo. “A empresa tem uma estratégia complementar onde oferecemos todos os serviços agregados da SES, tudo feito por nós no teleporto. Por exemplo, ontem inauguramos um serviço de 2 Gigabits de internet nas Ilhas Galapagos, porque as pessoas precisam ter conectividade para assistir vídeo”.

Pirataria e poder público

Moisés Moreira, vice-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

Na parte da tarde, em entrevista Moisés Moreira, vice-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), falou sobre os novos papéis da Agência, incluindo o combate à pirataria no Brasil, um dos principais desafios que enfrenta a indústria de TV por assinatura. Moreira afirmou que o combate à pirataria tem sido eficaz com a apreensão de mais de 6 milhões de set-top-boxes e 1,5 milhão de TV Boxes (caixas IP piratas). Em termos de IP, bloqueamos 134 provedores nos primeiros seis meses do ano. “No dia 1º de setembro, juntamente com a ABTA, inauguraremos o primeiro laboratório antipirataria da Anatel”.

Streaming vs. SeAC:

Marek Szymczak, diretor da Redge Technologies

No painel, “como chegar ao ponto de virada (sem os erros do passado)”, Marek Szymczak, diretor da Redge Technologies; Alessandro Maluf da Claro; Cícero Aragon, CEO da Box Brazil Media Group; Rogério Dallemole, diretor financeiro da Associação NEO; e André Ribeiro, VP de marketing e produtos da SKY, analisaram os serviços de TV por assinatura virtual que já representam uma parcela significativa das novas vendas e, no cálculo agregado, já estão perto de compensar a erosão do modelo legado.

Alessandro Maluf da Claro, disse que o streaming está de alguma forma compensando o serviço, mas ainda não substitui. “O streaming tem uma melhor proposta de valor, e ele alavanca o valor, mas ainda não é o ponto de virada”, porque, de fato, “no streaming o desenvolvimento é constante”.

Maurício Almeida, presidente da Watch Brasil

Os palestrantes coincidiram que o a melhor experiência passa pela integração, não apenas dentro de cada uma das plataformas que o usuário consome, mas também entre plataformas, para que dessa forma a navegação entre plataforma seja transparente. André Ribeiro disse que “o usuário pode começar a sua jornada na DGO, e tem de poder ver os jogos de futebol na Paramount+ ou um filme na Disney+ sem ter que sair e voltar a entrar nas plataformas”. Mas ele advertiu que isso não é simples porque precisa de integrar bases de dados, metadados, usuários, e billing, entre outros protocolos.

Jurandir Pitsch, VP de vendas da SES, com Fernando Gomes de Oliveira do Digilab

O PayTV Fórum 2023 termina nesta quarta-feira, 23/8, na capital paulista, com destaque para  as apresentações de Fernando Ramos, diretor executivo de parcerias estratégicas de distribuição da Globo; António Forjaz, country manager do Prime Video; e Paula Carvalho, diretora comercial media owners da Kantar Ibope Media. Ainda serão analisadas “estratégias de programadoras e canais na nova realidade da TV” e outros temas de interesse da indústria audiovisual brasileira.

Otras Noticias