Os três dias da edição 2022 do 13° Encontro Nacional ABRINT, o maior encontro de ISPs da América Latina, que se realizou no São Paulo Expo, na capital paulista, voltou a mostrar a força do mercado que cresce em tamanho e oferta de produtos e serviços.
A casa nova ajudou e mostrou como as palestras e os lançamentos são importantes para um mercado que foi impulsionado pela pandemia de Covid-19 e gerou uma grande demanda de inovação tecnológica para chegar a casa dos brasileiros.
Na parte das conferencias, destaque no segundo dia de ABRINT 2022 para o painel: ‘Compartilhamento de postes: Diálogo com reguladores e Construção de soluções’, onde se debateu o acontecido após o período de consultas públicas da proposta de novo regulamento conjunto da ANATEL e ANEEL. O encontro foi dividido em dois momentos, contando com autoridades, setor elétrico e ISPs na roda de conversa onde foram apresentadas soluções práticas e inovadoras para tentar alcançar uma nova dinâmica de compartilhamento de uso ordenado dos postes.
Participaram do importante debate, José Borges da Silva Neto – Superintendente de Competição da ANATEL; Efrain Cruz – Diretor da ANEEL); Alexandre Barreto, Superintendente-Geral do CADE; Basílio Perez, Conselheiro da ABRINT e presidente do LAC-ISP; Lucas Malheiros , assessor de Regulação da ABRADEE; Luiz Henrique Barbosa, presidente Executivo da TELCOMP; e teve a moderação de Breno Vale, conselheiro da ABRINT. No painel, Perez recomendou a adoção de uma “zeladoria técnica” com fiscalização de ocupação, georreferenciamento da ocupação, onde existam projetos e coordenação das correções e atendimentos de emergência.
Antes, Basílio Perez, presidente da LAC-ISP (Federação de Associações de Provedores da América Latina e do Caribe), disse em entrevista exclusiva à Prensario, que as ISPs continuam crescendo no Brasil e pós-pandemia, estima-se que ultrapassem as 20 mil empresas, que «vão de pequenos provedores com algumas centenas de clientes até alguns com milhões». Vale lembrar que em 2019 chegavam aos 9 mil ISPs. Isso faz que o Brasil tenha um número maior ISPs, que o resto de Latam.
Por outro lado, Fernando Gomes de Oliveira, Coordenador do Grupo de Trabalho do 5G da ACATE e membro do comitê de Inovação em Inteligência Artificial da Associação Internacional para Inteligência Artificial (I2AI), disse à reportagem que percebeu a expansão do mercado de ISPs e do streaming, motivo pelo qual ‘expositores que antes eram mais voltados ao broadcast, tenham desenvolvido soluções para os ISP, mas senti falta de formação de mão-de-obra. Apesar de o evento ter sido aberto com uma palestra de Leandro Karnal versando sobre o capital humano, pouco vi e pouco ouvi sobre este tema, que é de extrema importância se o setor quiser manter a sua expansão. Ou formamos técnicos qualificados para este trabalho ou teremos um «apagão» como já temos no mercado de desenvolvimento de software’.
5G e conectividade
Furukawa lançou em ABRINT novas versões de cabos ópticos auto sustentados totalmente secos e compactos, que ampliam sua linha de produtos para aplicações em redes de “backbone ou backhaul, conexão com PoPs (pontos de presença) e também entre data centers”, disse à reportagem Daniel Blanco, gerente de Engenharia de Inovação da empresa.
Blanco adiantou ainda que a empresa esta apresentando as operadoras um sistema de monitoramento da fibra óptica que inclui sensores, conectividade e software de gestão de rede para prevenir problemas de redes e permitir uma otimização de redes. Blanco disse ainda, que o sistema é modular e móvel, pelo qual as empresas podem rotar os sensores à medida que seja necessário, e “diminuir os custos de operação e melhorar o SLA das redes”.
Solução all-in-one para redes 5G, com instalação rápida e simplificada, foi destaque no estande da Padtec. A solução desenvolvida em parceria com a Trópico e a Airspan permite a interação com elementos de rede de diversos fabricantes e combina a ampla oferta de produtos para sistemas de alta capacidade de transmissão da Padtec com o extenso portfólio de soluções para redes 4G e 5G da Airspan e, ainda, a vasta experiência da Trópico na área de planejamento e integração de redes sem fio. ‘O resultado é uma solução completa, eficiente e competitiva para redes 5G, capaz de suportar o volume crescente de informações transmitido diariamente por bilhões de dispositivos sem fios espalhados pelo mundo, no tempo em que o mercado exige’, destaca Carlos Raimar, CEO da Padtec.
DPR Telecomunicações apresentou a sua nova CTO-C-DPR , uma caixa de Terminação Óptica para Cordoalha com troca de módulo que foi desenvolvida para acomodar e proteger emendas e divisores ópticos por fusão e conectorização em campo sem precisar contar com o compartilhamento de postes, pois toda a aplicação é na cordoalha. Entre os seus principais benefícios está a vedação exclusiva; retenção de drop óptico; e a expansão de 8 para 16 assinantes em 2 minutos por meio da troca de módulo.
Eletronet apresentou a solução Full IP Burstable, um novo modelo de negócios baseado no consumo no qual o cliente que compra uma capacidade fixa pode associá-la ‘a uma banda variável, on demand onde pagará somente pela banda utilizada’, explicou à reportagem, Cassio Lehmann de gerente de vendas da Eletronet. Lehmann disse que este serviço desenvolvido para atender as necessidades dos ISPs regionais que atuam com um tráfego de dados dinâmico. Ele ainda anunciou que a empresa terá um novo Pix de conectividade em Aracajú, Sergipe, chegando a 18 pixs no Brasil e 164 pop de conectividade em 17 mil km de rede de fibra ótica.
A Intelbras demonstrou a sua tecnologia InMesh, que segundo Diego Zanol, engenheiro da empresa brasileira, permite aprimorar a linha de ONTs (modems ópticos) e roteadores da linha Wi-Force por meio de uma atualização de firmware. Dentro deles, destaque para o CPE 5G, roteador Intelbras Wi-Fi 6 Mesh com tecnologia Qualcomm que fornece ‘conectividade de alta qualidade, velocidade e latência, semelhante à fibra óptica, sem a necessidade de cabeamento e instalação na última milha’.
Streaming e OTTs
No ritmo do crescimento das ISPs esteve presente o crescimento de ofertas de plataformas de streamings de vídeo, já seja como white-label ou como agregadoras de conteúdo. O presidente da Associação Brasileira de Over-the-Top (Abott´s), Alexandre Brito, disse à reportagem, que isso tem a ver com a demanda e crescimento do mercado. ‘Se temos muitas ofertas, e diferenciadas, é porque a demanda. De qualquer forma, acredito que haverá um rearranjo do mercado nos próximos tempos. A pandemia acelerou os processos e neste momento o mercado esta se acomodando ao novo normal’.
A PlayHub demonstrou as suas soluções para ISPs e como a distribuidora de conteúdos audiovisuais por streaming oferece conteúdos aos seus clientes. Pablo Martines, diretor da empresa, disse à reportagem que neste momento oferece mais de 70 canais nacionais e internacionais ao vivo, além de conteúdo sob demanda, como filmes, séries, documentários e esportes, ‘mas que o diferencial passa porque pode entregar uma solução customizada para cada cliente. Por isso, somos um distribuidor de streaming, um facilitador para o nosso cliente. Entregamos o backend e fazemos o billing para a ISP’. Hoje catálogo da distribuidora inclui os aplicativos HBO Max, Deezer, Paramount+, Cartoon Já, Noggin, Estádio TNT Sports, Hube Revistas, Fluid, Ubook, Doutorpass, entre outros.
MultTV demonstrou a sua estrutura de CDNs e como a empresa a partir da mudança de mercado, criou uma rede própria que lhe permite estar na última milha. Luiz Gewers, gerente de tecnologia, disse que as ‘CDNs trabalham com inteligência para definir fluxos de trafego e otimizar banda. Elas são colocadas pela empresa em cada provedor gerando maior redundância. O modelo é modular, e se adéqua as circunstâncias’.
Outra novidade anunciada foi que a MultTV oferece agora a plataforma IPTV/OTT da MwareTV para seus ISPs brasileiros. A plataforma permite que os ISPs lancem rapidamente seu próprio serviço de TV com uma interface totalmente personalizada em SmartTVs Samsung Tizen e LG WebOS, dispositivos Android e Android TV, iOS, AppleTV, FireTV e Roku.
A EITV – Entretenimento e Interatividade para TV Digital, empresa do setor broadcast desenvolveu a EiTV Connect, uma solução customizada para ISPs que entrega ‘uma plataforma 100% personalizada, que aceita embed (Youtube, Vimeo, entre outros) para criar canais locais já que foi adaptada para ISPs’, explicou Fernando Muller, gerente comercial broadcast para Latam.
Muller disse ainda que esta plataforma não precisa desenvolvedor, entrega um ‘chip 4G personalizado com a marca do cliente com pacote de dados ilimitado para consumo da sua TV por assinatura em celulares ou tablets, e entrega APPs para todos os dispositivos, Android, iPhone, iPad, Android TV, Smart TVs e outras telas’.
A Campsoft, startup de tecnologia e inovação demonstrou a sua nova parceria com HBO Max, que para Guilherme Lobo, cofundador da empresa, é uma excelente forma de reforçar a marca e o seu conteúdo. ‘Pelo tamanho do evento, considerado o maior da América Latina”, disse, foi ‘uma grande oportunidade para reforçar o posicionamento da marca e fechar novas parcerias, ampliando cada vez mais nossa operação no mercado.
CFTV
Outro dos pontos da feira foi a integração de CFTV, com foco nas câmeras IP Smart, já que o setor enxergara neste tipo de produto um nicho de oportunidade, já que é possível oferecer aos clientes, além de internet, acesso remoto a câmeras, se transformando como um novo serviço do provedor. Filipe Favoto, CEO da Dicomp, disse que este é um serviço que o ISP pode oferecer aos seus clientes como um valor agregado do seu produto. ‘A ferramenta permite que com câmeras instaladas e sinais enviados pela rede, o usuário possa monitorar de forma fácil e econômica os seus bens. A Dicomp pode alugar ao provedor o equipamento e ele oferecer o serviço ao seu cliente de uma forma ágil e flexível’.
IPv6
A A10 Network demonstrou a sua solução que permite aos ISPs estender a vida útil dos endereços IPv4. Ivan Marzariolli, country manager da A10 no Brasil, afirmou que o atual esgotamento do IPv4 e a conversão para o IPv6 é um processo longo e caro, por isso ‘para enfrentar os obstáculos da migração e aliviar o impacto do esgotamento do IPv4, o mercado conta com a tecnologia carrier-grade NAT (CGNAT), uma solução avançada de rede que traz tecnologias de transição que oferecem aos provedores de serviços uma maneira econômica de converter IPv4 para IPv6 e vice-versa, permitindo um processo de migração para IPv6 mais gradual e ao mesmo tempo manter uma experiência segura’.
Marzariolli disse que esta mudança impacta fortemente na operação e crescimento dos ISPs e para isso propõe o CGNAT que resolve o uso de NAT tradicional em escala somando um gateway de nível de aplicativo (ALG) , e Endpoint Independent Mapping (EIM), Endpoint Independent Filtering (EIF) e hairpinning que fornecem conectividade NAT transparente, a diferença das tradicionais que não permitem nenhum tráfego que seja iniciado de fora ou para protocolos que precisem de hairpin, ou seja, loop seu tráfego de volta.
Por Fernando Moura, correspondente do Prensario no Brasil
