O PAYTV Fórum arrancou no Brasil com o tema “O presente e futuro da TV paga” e deixou claro no seu primeiro dia que a convergência e complementariedade da TV paga com os serviços d OTT não só é fato, mas que pode ser o futuro do mercado. Outro ponto importante é que o set-top-box deixa de ser apenas um decodificador de sinal e passa a ser uma central de controle de diversos serviços e devices na casa dos usuários com integração entre as plataformas lineares e não lineares, além de com serviços adicionais como o controle de outros dispositivos conectados.
A quinta edição do evento que começou na manhã desta segunda-feira, 9 de agosto, em formato 100% online analisou o mercado de TV por assinatura no Brasil que desde a óptica de Samuel Possebom (Teletime) “se transformou e hoje modelos lineares convivem com estratégias não lineares; programadores e operadores ajustam os modelos tradicionais a novos consumidores; novas tecnologias abrem a possibilidade de novos negócios”.
No primeiro painel dedicado a entrevistas individuais o novo presidente da Sky Brasil, Raphael Denadai, disse que em um momento de grandes mudanças do mercado, o papel principal da Sky continua sendo social, porque “há lugares que somos a única forma de entretenimento das famílias”. Por este motivo, explicou o executivo, a empresa está mudando a forma de trabalho e avançando para uma forma regionalizada, “com uma estratégia de produto e preços de forma regional, com uma forma customizada, não só de atendimento, mas também entregando todas as afiliadas dependendo o ponto do país”.
Paulo Marinho, diretor executivo dos canais Globo, tratou da vários temas e explicou como o Grupo mudou a estratégia e a relevância que tem a experiência multiplataforma. “Acreditamos no consumo ao vivo, com a combinação da TV aberta e os canais segmentados, porque os dois juntos se complementam (…) Enxergamos o mercado como uma combinação do ao vivo com o on-demand”, disse.
Por outro lado, Marinho comentou que o Grupo Globo continua apostando na tecnologia e que esta é parte do seu DNA, por isso, “nas Olimpíadas ofertamos 8K. Seguimos apostando na inovação de ofertas. Estamos entrando em um novo ciclo, seja combinação de produtos, seja de preços. Inovação para o ambiente de conteúdo e para o oferta, que possa proporcionar novas experiências de consumo, seja, com a distribuição própria, seja com os nossos parceiros”. Tudo pensando na possibilidade de um novo empacotamento de produto, comentou Marinho, e disse que “o GloboPlay é parte da oferta que atende uma necessidade específica, mas não elimina nosso olhar de distribuição. Precisamos olhar como tornar nossas ofertas mais competitivas. Já começamos com essa jornada, mas ela continua”, com a adaptação a nova jornada do consumidor.
Anna Andrade, general manager e VP de distribuição da WarnerMedia Brasil, afirmou que a integração do grupo começou em janeiro e “times estão interagindo de forma simétrica”, e explicou que o conglomerado atua na região como “uma power house que tem vários líderes com as suas particularidades. Temos escritórios regionais no Brasil, Argentina, México e Chile, com operação local e regional ao mesmo tempo, mas com um olhar local”.
Nesse ponto, disse que a “estamos investimos muito em produção. Nunca se produziu tanto, existe um compromisso para continuar a produzir. Vemos os conteúdos diferentes. O usuário no VOD é atuante, no linear é mais passivo, mas a busca de conteúdo é diferente, dependendo da plataforma, por isso adequamos o consumo para cada plataforma, que ele pode estar agora no linear, e agora no não linear”.
Estratégias das operadoras
No segundo painel, “MVPD, OTT e as estratégias das operadoras”, Gustavo Fonseca, vice-presidente do segmento OTT da DirecTV Go, disse que o principal desafio passa pela orquestração. “Quem orquestrar melhor a operação vai levar o público. O conceito é fácil de entender para quem é nativo digital ou está conectado. O ecossistema deve ser como um shopping, um lugar onde se entrega experiência”.
Ainda comentou que a experiência da Directv Go mostra que o Brasil é um mercado que está mais preparado para o OTT, porque “tem muita penetração de Banda larga com operadores que não tiveram a perca da TV, e ainda o brasileiro é mais afeto a utilizar serviços em plataformas digitais, com uma economia mais aberta ao digital, diferentemente ao que se passa no resto de América Latina onde os oligopólios são mais fortes”.
Ricardo Falcão, diretor de operações regionais da Claro, disse que a empresa está migrando o middleware das caixas receptoras. “Fizemos a migração da Netflix nos set-top-boxes dos clientes. Entendemos que todos os aplicativos que estão no roadmap do Claro Box devem estar nas caixas legadas do serviço tradicional. Vamos evoluir com integração de aplicativos, com caixas 4K, com replayTV, e VOD. Todas essas inovações vamos ter em toda a base legada, com a integração do Box Assistente”.
Na parte da tarde, Adriana Naves, head de distribuição de conteúdo Latam da Roku disse que o consumidor brasileiro é um “early adapter” e o país é um mercado pioneiro. “Vemos o mercado hibrido que mudou com a pandemia. O mercado de streaming no Brasil tem um consumo mais ativo e engajado, é maior que o norte-americano”, e adiantou que a plataforma Watch TV vai entrar na plataforma nos próximos meses. Mauricio Almeida, CEO da Watch TV, que também participou do painel agregou que com está integração “os ISPs vão diminuir o Capex dos receptores” já que os novos usuários vão adquirir diretamente a solução da Roku.
Transformação tecnológica
No último painel se debateu a transformação tecnológica do mercado, e nela Jurandir Pitsch, VP de desenvolvimento de mercados da SES, disse que a empresa trabalha no desenvolvimento da plataforma 360º, uma solução híbrida que permite “simplificar o processo operacional”, já que através de um set-top-box ou em sintonizadores de satélite embarcados diretamente no aparelho de TV, pode-se trabalhar na criação de canais segmentados com playout na nuvem, para o qual se utiliza a infraestrutura terrestre e de satélite da empresa de forma integrada, e se pode “ter publicidade personalizada”.
Luis Otavio Marchezetti, VP de Engenharia Banda Larga e Experiência do Cliente na Sky, disse que a nova caixa apresentada ao mercado trabalha com Android TV, e suporta 4K. Além de possuir “bastante poder de processamento o que nos permite até ser um console de game. Vamos receber todos os canais pelo satélite, mas é possível baixar uma serie de aplicativos da PlayStore e fazer dele o centro de entretenimento da casa. Fomos além e colocamos o Google Assistent com a possibilidade de conversar com ele a distância e integra-lo com os outros dispositivos conectados da casa”.
Alessandro Maluf, diretor de produtos de vídeo da Claro, disse que o negócio mudou, e nele, “o novo modelo está dando mais opções para os nossos clientes, temos um modelo mais aberto. Somos um agregador da casa que pode conectar até games. Estamos em um momento positivo, de mudanças tecnológicas”.