Começou em São Paulo, o PayTV Fórum, o principal evento brasileiro dedicado ao mercado de conteúdos por assinatura, que mostrou que o mercado audiovisual esta mudando e retornando a sua curva de crescimento, já não alavancado pelo PayTV tradicional, isto é as operadoras, senão pelo que denominam “conteúdos por assinatura”.
Em um clima mais distendido que em anos anteriores, o PayTV Fórum realizado pela Teletime e pela Tela Viva, superou as expectativas com recorde de inscritos, disse no início, Samuel Possebom, diretor da Teletime, “O recorde de inscrições mostra é que a indústria reencontro o seu rumo, encontrando potencialidades e perspectivas”, com a chegada de novos player, novos atores, com novas distribuições de “conteúdos por assinatura”.
O destaque do dia foi a entrevista de Possebom a Paulo Marinho, presidente da Globo, que disse que a fusão da Globo, realizada a alguns anos, transformou a empresa, “primeiro tivemos um ganho de eficiência integrando os conteúdos em termos digitais”, para hoje, “todos os produtos Globo serem 100% digitais”, para isso “estamos desenvolvendo vários modelos de negócio para mudar essa forma de produzir e distribuir”.
Na sua primeira participação no evento, o principal executivo da Globo afirmou que a empresa cresceu 12%, em receita liquida em 2023, e que “na Globo fizemos o melhor primeiro trimestre em publicidade dos últimos 10 anos”, e hoje “estamos mudamos a direção da curva. Começamos a ver um crescimento na curva de assinantes”, com uma retomada que é “fruto da nossa estratégia e nossa aposta no mercado com o um todo”, uma estratégia “diversificada” e multiplataforma.
Outro destaque foi a participação de Rodrigo Marques, VP de estratégia e operação da Claro, que afirmou que o “combate a pirataria” é o principal desafio do mercado neste momento, e a Claro mudou seu modelo de negócio para tornar-se “um hub de conteúdos digitais”.
Segundo o executivo os anos de vacas magras tendem a acabar com a transformação tecnológica e espera que a receita de vídeo volte a crescer a partir de 2025, mas é preciso “reposicionar o modelo de negócio de vídeo, por isso, temos reformulado o modelo com alguns parceiros, ainda temos espaço para melhorar, com interesses alinhados”, já que “nossa idéia é refazer o modelo empacotando conteúdos, o que permite ao consumidor ter tudo junto. Hoje temos três OTTs dentro do Claro Box – o Globoplay, a Max e a Netflix. Somos vanguarda. Talvez o nosso bundle seja o que empacota mais canais no mundo”.
Gustavo Fonseca, presidente da Sky, reforçou o desafio do combate a pirataria e disse, que o Sky+, plataforma OTT da empresa tem surpreendido, e se bem, “ainda não estamos no positivo, porque no forçamos tanto a migração. Hoje o número de clientes da plataforma chega a 2 milhões em América Latina, o que duplicou desde o ano passado”, e finalizou dizendo, que “os consumidores, que usam o digital, mais fieis são os que são clientes da TV tradicional”.
Ainda foi debatido o mercado de “Superbundles: os desafios dos novos empacotamentos”, onde se analisou a oferta de TV que não esta está mais restrita a canais lineares, pelo que nos últimos tempos tem aumentado os serviços on-demand e streaming integrados, complementando a oferta. Participaram Ricardo Falcão, diretor de TV da Claro; André Santini, CMO da Watch Brasil; Marco Dyodi, Diretor de Desenvolvimento de Negócios para América Latina da Netflix; Eduardo James, Diretor de Parcerias Estratégicas de Distribuição da Globo; Viviane Moura, Diretora de Produtos B2C da Vivo; e Alessandra Pontes, VP de distribuição da Warner Bros Discovery.
Na palestra, Marco Dyodi da Netflix, disse que a empresa fez o primeiro bundle com a Claro no Brasil e está aberto a novas parceiras em América Latina, entretanto, Ricardo Falcão disse que isto é parte da estratégia da empresa que é mais do que a integração do OTT no Claro Box, “o cliente quer uma experiência de inclusão de todos os conteúdos empacotados, por isso evoluímos na estratégia do superbundles”. Ele revelou que em agosto, a plataforma incorporará um novo player integrado.
Na parte da tarde, o PayTV Fórum analisou a nova “Nova lei do streaming: o que muda na TV paga?”, já que o Congresso Nacional discute de que maneira o ambiente dos serviços de VoD e streaming será regulado. Falando das possíveis conseqüências, Fábio Lima, CEO da Sofá Digital, analisou o mercado, e disse que o ecossistema esta dividido em dois setores, com grandes agregadores, a maioria de SVOD via canal (como Prime Video, Claro TV), e alertou que “o regulatório tomou um caminho complexo”, porque o debate é complexo, mas poderia ser “mais simples”. Lima explicou o que se esta discutindo no Brasil pode “gerar insegurança jurídica sobre como pagar impostos”.
A última palestra do dia, “O conteúdo dentro da estratégia dos ISPs e do 5G”, abordou o relacionamento dos provedores de banda larga, operadoras móveis e novos entrantes no mercado, no qual a oferta de conteúdo é um diferencial importante. Participaram da palestra, Alejandro Contreras, CMO da Alares; José Carlos Rocha, diretor executivo de marketing da Vero; Ranira Camelo, gerente sênior de parcerias estratégicas da Globo; Rogério Francis, VP de Estratégia de Vendas & Distribuição de Conteúdo da Paramount; Adriana Naves, head de distribuição para América Latina da Roku; e Flávia Guerra Trabalho, diretora do produto OTT da Sky+. Nela ficou claro que a os serviços são complementares e que tanto ISPs como produtores de conteúdo devem trabalhar juntos para expandir mercados.