PayTV Fórum: operadoras analisaram presente e futuro da TV paga no Brasil

Como destacado nas diversas reportagens da nossa edição dedicada ao mercado audiovisual brasileiro em www.Prensariozone.com; o mercado parece encontrar-se em um ponto de ruptura, já que a notória queda nas assinaturas de TV paga esta sendo complementada pelo aumento dos serviços de SVOD.

Neste contexto, as operadoras e programadoras encontram-se numa nova realidade onde ou se associam e usufruem destas novas formas de consumo, ou procuram a melhor forma de incorporar novas unidades de negócio que permitam aumentar os rendimentos ou pelo menos manter a base de subscritores.

Com um mercado interno do tamanho de um continente, o mercado brasileiro é sempre desafiador para as empresas estrangeiras que querem se firmar naquele território. A força financeira, o tamanho do mercado e a capacidade tecnológica da Globo deixam pouco espaço para outras empresas competirem, mas neste novo cenário onde prevalecem as economias de escala, e o que a indústria denominou “guerra de conteúdo” (com novos lançamentos de serviços de streaming), estamos enfrentando um mercado onde ainda há muito a desenvolver e explorar.

Como dito acima, não é um mercado simples. A crescente pirataria que hoje atinge 30 milhões de potenciais clientes dificulta os caminhos de quem quer desenvolver o mercado, mas isso não quer dizer que este deixe de ser o mercado, para uma parte substancial dos players, mais interessante da região.

Neste contexto, o PayTV Fórum foi desenvolvido e organizado com o tema “O presente e futuro da TV paga”, e deixou claro na sua apresentação que a convergência e complementariedade da TV paga com os serviços de OTT (Over-The-Top) não só é fato, mas que pode ser o futuro do mercado. Outro ponto importante é que o set-top-box deixa de ser apenas um decodificador de sinal e passa a ser uma central de controle de diversos serviços e devices na casa dos usuários com integração entre as plataformas lineares e não lineares, além de oferecer serviços adicionais como o controle de outros dispositivos conectados.

Assim, a quinta edição do evento analisou o mercado de TV por assinatura no Brasil que desde a ótica de Samuel Possebom (Teletime) ‘transformou-se e hoje modelos lineares convivem com estratégias não lineares; programadores e operadores ajustam os modelos tradicionais a novos consumidores; novas tecnologias abrem a possibilidade de novos negócios’.

O presidente da Sky BrasilRaphael Denadai, disse que em um momento de grandes mudanças do mercado e que nesse contexto, a empresa está mudando a forma de trabalho e avançando para uma forma regionalizada, ‘com uma estratégia de produto e preços de forma regional, com uma forma customizada, não só de atendimento, mas também entregando todas as afiliadas dependendo o ponto do país’.

Paulo Marinho, diretor executivo dos canais Globo, tratou da vários temas e explicou como o Grupo mudou a estratégia e a relevância que tem a experiência multiplataforma. ‘Acreditamos no consumo ao vivo, com a combinação da TV aberta e os canais segmentados, porque os dois juntos se complementam. Enxergamos o mercado como uma combinação do ao vivo com o on-demand’, disse.

Estratégias das operadoras

Gustavo Fonseca, vice-presidente do segmento OTT da DirecTV Go, disse que o principal desafio passa pela orquestração. ‘Quem orquestrar melhor a operação vai levar o público. O conceito é fácil de entender para quem é nativo digital ou está conectado. O ecossistema deve ser como um shopping, um lugar onde se entrega experiência’. Ainda comentou que o Brasil é um mercado que está mais preparado para o OTT, porque ‘tem muita penetração de Banda Larga com operadores que não tiveram a perca da TV, e ainda o brasileiro é mais afeto a utilizar serviços em plataformas digitais, com uma economia mais aberta ao digital, diferentemente ao que se passa no resto de América Latina onde os oligopólios são mais fortes’.

O diretor de operações regionais da ClaroRicardo Falcão, disse que a empresa está migrando o middleware das caixas receptoras. ‘Fizemos a migração da Netflix nos set-top-boxes dos clientes. Entendemos que todos os aplicativos que estão no roadmap do Claro Box devem estar nas caixas legadas do serviço tradicional. Vamos evoluir com integração de aplicativos, com caixas 4K, com replayTV, e VOD. Todas essas inovações vamos ter em toda a base legada, com a integração do Box Assistente’.

Para Adriana Naves, head de distribuição de conteúdo para América Latina da Roku, afirmouque o consumidor brasileiro é um “earlyadapter” e que este é um país onde mercado é pioneiro. ‘Vemos o mercado hibrido que mudou com a pandemia. O mercado de streaming no Brasil tem um consumo mais ativo e engajado, é maior que o norte-americano’.


Pela sua vez, Rogério Francis, VP de CDM da ViacomCBS na América Latina disse que a estratégia do grupo passa por ‘entregar todo nosso conteúdo para os brasileiro’, seja a través do web grátis com parceiros (Pluto TV), a Paramount + com conteúdos Premium, e continuando com os canais lineares da TV por assinatura. ‘Hoje o que precisamos achar é a melhor forma, porque tudo funciona “com uma conexão forte do SVOD e o linear, e o linear vai continuar a ser importante’. Para ele, o desafio passa por assegurar o usuário na plataforma. 

A diretora de soluções para produtos e serviços digitais da Globo, Teresa Penna, coincide com a leitura de Francis e avança afirmando que no Brasil os modelos de TV linear e on-demand coexistem, mas no streaming, o ponto principal passa pela ‘retenção do usuário, que é tão importante como acesso’ porque ‘o cliente entra e saí das plataforma a hora que quer, com apenas um click’.

Newton Suzuki anunciou que a empresa se prepara para o lançamento de mais dois sinais, um para streaming e outro para TV paga e que continuará com uma parceria forte com as operadoras de TV paga já que 100% das operadoras carregam alguns dos canais do Grupo, e 70% todos.

Pela sua parte, Eldes Mattiuzzo, diretor Geral na Rede Telecine disse que a empresa já trabalha com duas verticais, a linear e VOD com oferta direta ao consumidor, e que está ‘se mostrou vencedora, crescemos rapidamente e sem muito esforço’.

Pirataria

Em um ambiente de muita preocupação pelo avanço da pirataria no país, Danilo Almeida, diretor de engenharia de software e novos negócios da NAGRA Media Brasil, explicou os principais desafios do combate à pirataria pela tecnologia e disse que ela só será combatida se a indústria trabalhar três vertentes: ‘Inteligência, arcabuzo tecnológico para se defender do ataque e combater o ataque, e melhorar a parte jurídica’, porque a maquina de vendas da pirataria tem, agora, uma maquina de revenda, com um esquema de pirâmide ‘com um mercado muito grande e em evolução’, que funciona tanto em formato broadcast como em streamings. A primeira modalidade de pirataria é o SKS (via satélite) com modelo via TV BOX, e o IKS (streaming) por subscrição.

Fernando Magalhães, da Claro disse que a pirataria é um problema que esta em todo o ecossistema audiovisual brasileiro. ‘Precisamos montar uma máquina para piorar a experiência do pirata, e para isso é avançar para o bloqueio regular e freqüente das transmissões ilegais. Precisamos conseguir programar um processo rápido e diminuir a experiência desses 30 milhões de usuários piratas’.

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