O PayTV Fórum voltou a ser presencial. Na edição 2022 destaque para o fenômeno da pirataria que chegaria a mais de 13 milhões de residências no país. Ainda análise para as profundas mudanças das operadoras com respeito aos seus modelos de negócio nos últimos anos. Situação pós-pandemia, distribuição OTT, operadoras virtuais, e como os conteúdos on-demand e streaming podem complementar as ofertas tradicionais das operadoras.
O evento começou com uma entrevista especial realizada por Samuel Possebom, Teletime, à Márcio Carvalho, CMO da Claro. O executivo disse que a TV por assinatura continua sendo o principal receita da Claro. ‘Estamos consolidando as receitas de móbile, mas a TV por assinatura continua sendo relevante’, isso porque ‘a TV por assinatura segue sendo o principal negócio, o que crescemos nas outras linhas de negócio, perdemos na TV assinatura’.
Pela sua parte, Fabricio Proti, Country Manager da Paramount, afirmou que «o Brasil é extremamente importante para a Paramount Internacional» e a aquisição dos direitos da Copa Libertadores ‘nos coloca noutro patamar de negócios no Brasil’, já que para o executivo o Brasil é extremamente importante para a Paramount Internacional. ‘Adquirimos Porta dos Fundos, quando olhamos o streaming com a Paramount+ e a Pluto TV nos abre muitos horizontes, por isso temos feito um investimento grande em marketing e eventos’.
Na sequência da manhã, Christian Peralta, CCO da BB Media, disse que hoje há 86 plataformas no Brasil e se espera até o fim de 2022 cheguem a 168 plataformas OTT. Ele disse que a pirataria online no Brasil representa o 36,41% dos domicílios conectados representando 13,15 milhões de domicílios. Destes, o 41,66% tem contratado um serviço de TV por assinatura, e 58,34% consome pirataria que alcança uma perda mínima de 703 milhões por consumo de pirataria chegando, em toda a cadeia, a uns 3 bilhões de dólares.
Cícero Aragon, CEO da Box Brazil Media Group, disse que o sucesso do grupo é produto das parcerias realizadas. «Com elas somos mais fortes em conteúdo e tecnologia’. O executivo comentou que recentemente o Grupo lançou mais 10 canais focados não apenas no mercado brasileiro, mas também no mercado internacional, e anunciou que a Container, uma das 4 empresas do grupo, se associou a AlphaNetwork ‘tornando-se uma empresa Full Service no Brasil e na América Latina’.
A Palestra ‘Operadoras virtuais e a transformação do modelo de distribuição’, do PayTV Fórum que se realiza em São Paulo, contou com a participação de Gustavo Fonseca, CMO da Vrio/DirectvGo; Ricardo Falção, ClaroTV; Roberto Guenzburger, diretor de consumo da Oi; e Cícero Aragon, CEO da Box Brazil Media Group; debateu a virtualização da operação e transformação do modelo de distribuição de PayTV.
Gustavo Fonseca falou das plataformas de distribuição virtuais e disse que em América Latina se percebeu que os consumidores não iriam pagar por muitos serviços. ‘Nossa experiência é que estabelecer marcas no mercado é difícil. Nosso aprendizado é que os nossos consumidores gostam de consumir linear. Hoje temos tanto consumo linear como não linear. Hoje trabalhamos, a diferença de 5 anos atrás, em como trabalhamos a experiência linear’.
No painel, Ricardo Falcão, ClaroTV, disse que a operadora começou com o BOX para entender o mercado de streaming. ‘Vimos que o mercado foi super receptivo, vimos deficiências e algumas crenças que não se comprovaram. Vimos que o linear é importante e depende da proposta de valor. A experiência foi boa e evoluímos ao Claro TV Box onde entregamos uma experiência full com a novidade do App. Estamos na fase de lançamento com uma surpresa é positiva’.
Moisés Moreira, conselheiro da Anatel, abriu a parte da tarde do primeiro dia do PayTV Fórum e disse que a Agência deixou de ser reativa e começou a ser proativa no combate a pirataria com atuação nos marketplaces brasileiros, portos e aeroportos para coibir a pirataria no país que é muito grande. ‘No porto do Rio de Janeiro já aprendemos 380 mil aparelhos em 2021, e 15 mil em 2022. A fiscalização está surtindo efeitos no combate’.
No segundo painel da tarde, o PayTV Fórum analisou ‘Pirataria e informalidade: a retomada do mercado’ e contou com a presença de Moisés Moreira, conselheiro da Anatel, e Tiago Mafra dos Santos, diretor da Ancine. Funcionários afirmaram que as Agências estão determinadas a avançar com o bloqueio administrativo dos distribuidores piratas no país.
Anatel e Ancine trabalham em um acordo de cooperação técnica para que as Agências trabalhem juntas nas suas ferramentas de coerção. ‘Iremos a Portugal e Espanha, no fim de setembro, para ver como estão fazendo o bloqueio administrativo contra a pirataria’, disse Moreira.
Para debater pirataria no Brasil, o PayTV Fórum 2022 contou com a presença de André Felipe Teixeira, Gerente de Segurança de Conteúdo da Globo; Jonas Antunes, diretor de estratégia regulatória da ABTA; Eduardo Carneiro, coordenador anti-pirataria da Ancine; Ygor Valério, CEO da LTA Hub e sócio do escritório CQS/FV Advogados; e Ana Sousa, Diretora de Relações Estratégicas da ACE para a América Latina, .
No painel, André Felipe Teixeira, Gerente de Segurança de Conteúdo da Globo, disse que a única forma de combater a pirataria é ‘combatê-la na origem. Na Globo removemos mais de 720 mil conteúdos Globo de plataformas como Youtube, Facebook, Instagram por ano’.
‘Evasão de receita e prevenção a fraudes’, foi tema da palestra de Maurício Ribeiro, diretor de vendas para o segmento de provedores de serviço da F5, que falou de fraudes, de vazamento de dados e como ‘os criminosos começaram a industrializar o fraude com robôs que criam ataques automatizados’, ele disse que 1 milhão de credenciais são roubadas dia a dia no mundo, e o audiovisual não escapa ao fenômeno. ‘Os fraudadores conseguem validar os usuários e os sistemas e desta forma acham uma forma de contornar os sistemas de segurança’. Segundo ele, em uma pequena amostragem de 30/40% do trafego de, apenas um cliente no Brasil, se percebeu que ele pode perder quase 20 milhões de reais em vendas em um ano.
O ultimo painel do primeiro dia do PayTV Fórum analisou as ‘Estratégias para o crescimento de receita’, com a presença de Luis Otavio Marchezetti, Chief Customer Care & Tranformation Officer da Vrio/Sky; Alexandre Maluf, Claro; Luis Bianchi, diretor de marketing Latam, Roku; Jurandir Pitsch, VP de vendas América Latina da SES; e Maurício Ribeiro, diretor de vendas para o segmento de provedores de serviço da F5.
Luis Otavio Marchezetti acredita em juntar ‘conteúdo e conveniência’, e mais importante que trazer novas receitas é fidelizar os clientes. ‘As receitas adicionais são receitas marginais com a receita principal. São serviços de valor agregado. Acreditamos que o 4K é importante, o linear é ainda difícil de encontrar por custo de produção, até que a indústria broadcast comece a produzir massivamente. O 4K é importante para o streaming. Pode trazer receita adicional para plataformas como o DirecTV Go’, por exemplo.
Jurandir Pitsch, disse que a América Latina tem uma percepção diferente da Europa onde a SES tem a sua maior operação. Pitsch disse que na região o DTH continua sendo uma forma barata de distribuição. ‘Na Europa temos pensando no negócio e trazido inovações porque senão a tecnologia morre. Lá estamos tirando a caixa e colocando os Apps no aparelho que tem sintonizador de satélite incorporado para ter ofertas hibridas que fazem que a recepção seja transparente. O usuário tem uma interfase transparente com a qualidade que o satélite oferece.
Por Fernando Moura, correspondente da Prensario no Brasil