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Pirataria chegaria a 30 milhões de usuários no Brasil

O PayTV Fórum destacou que o problema da pirataria afeta toda a cadeia audiovisual, restringe crescimento e gera problemas na produção e distribuição de conteúdo audiovisual.

O PayTV Fórum 2021 fechou com um excelente diagnóstico da TV paga no Brasil. Ela precisa de se reorganizar, mudar comportamentos e entender e atender o comportamento do público, além de ter uma política regulatória acorde as mudanças tecnológicas que possa por fim ao avanço desenfreado da pirataria.

Rogério Francis, VP de CDM da ViacomCBS na América Latina

No primeiro painel do “Das lições do D2C às estratégias dos programadores”, Rogério Francis, VP de CDM da ViacomCBS na América Latina disse que a estratégia do grupo passa por “entregar todo nosso conteúdo para os brasileiro”, seja a través do web grátis com parceiros (Pluto TV), a Paramount +  com conteúdos Premium, e continuando com os canais lineares da TV por assinatura. “Hoje o que precisamos achar é a melhor forma. Necessitamos expandir e fazer com que o consumidor possa assinar nossos produtos, para assim ter expansão”, porque tudo funciona “com uma conexão forte do SVOD e o linear, e o linear vai continuar a ser importante”. Para ele, o desafio passa por assegurar o usuário na plataforma, e isso se pode conseguir com conteúdo relevante. “Marketing, preço e conteúdo fazem que se reduza a desistência, a fidelidade tem de ser puxada. A ViacomCBS vem investindo quase 15 bilhões em conteúdo, para alimentar os nossos canais”.

Teresa Penna, diretora de soluções para produtos e serviços digitais da Globo

Teresa Penna, diretora de soluções para produtos e serviços digitais da Globo, coincide e avança afirmando que no Brasil os modelos de TV linear e on-demand coexistem, mas no streaming, o ponto principal passa pela “retenção do usuário, que é tão importante como acesso” porque “o cliente entra e saí das plataforma a hora que quer, com apenas um clip”. Para Teresa neste novo mercado no novo nem sempre é o melhor, “o que temos de estar é preparado para o futuro e dessa forma saber que o usuário é que escolhe. O poder nunca pendeu tanto para o consumidor, hoje a vontade não está necessariamente no novo, está no que aceite o consumidor”.

Nesse ponto, a executiva afirmou que no mundo digital é preciso entender a demanda e assim brindar “conveniência e praticidade”, pelo que “no Grupo Globo mudamos a mentalidade e a estrutura, avançamos para uma nova forma de liderança organizacional e de oferta, além de desenvolver competências que antes eram feitas pelas operadoras, como o billing, e o CRM e assim entender o que o consumidor quer. Depois mapear o perfil de compra e criar a competência B2C com um modelo de tecnologia e negócios que caminham juntos”.

Newton Suzuki, diretor de Marketing e Distribuição do Grupo Bandeirantes

O diretor de Marketing e Distribuição do Grupo Bandeirantes, Newton Suzuki anunciou no evento que a empresa se prepara para o lançamento de mais dois sinais, um para streaming e outro para TV paga e que continuará com uma parceria forte com as operadoras de TV paga já que 100% das operadoras carregam alguns dos canais do Grupo, e 70% todos. “Pensamos que o seguinte passo seria ir aos ISPs com a nossa plataforma conseguimos a entregar aos ISPs o vídeo, explorando esse mundo novo que são mais de 9 mil oficiais. Por isso, lançaremos em breve uma plataforma própria com todos os nossos canais, inclusive Band TV aberta e as nossas rádios para entregar aos pequenos ISPs, continuando no mercado B2C”.

Pela sua parte, Eldes Mattiuzzo, Diretor Geral na Rede Telecine disse que a empresa já trabalha com duas verticais, a linear e VOD com oferta direta ao consumidor, e que está “se mostrou vencedora, crescemos rapidamente e sem muito esforço (representa a metade dos assinantes). Depois de quase três anos, esses mundos se conversam e se complementam. Nossa base são os parceiros de distribuição. Nós somos cinema, independentemente da plataforma”.

Por outro lado, o executivo disse que na pandemia nasceram os títulos all-right, “títulos que não tinham sido estreados no cinema”, que criaram um novo mercado para filmes com títulos que complementam a oferta. “Só em 2021 vamos ter 70 títulos que vão estrear na plataforma Telecine colocados no SVOD e no canal linear”.

Mais tarde, Danilo Almeida, diretor de engenharia de software e novos negócios da NAGRA Media Brasil, explicou os principais desafios do combate à pirataria pela tecnologia e disse que ela só será combatida se a indústria trabalhar três vertentes: “Inteligência, arcabuzo tecnológico para se defender do ataque e combater o ataque, e melhorar a parte jurídica”, porque a maquina de vendas da pirataria tem, agora, uma maquina de revenda, com um esquema de pirâmide “com um mercado muito grande e em evolução”, que funciona tanto em formato broadcast como em streamings. A primeira modalidade de pirataria é o SKS (via satélite) com modelo via TV BOX, e o IKS (streaming) por subscrição.

Ainda, em termos de combate a pirataria Fernando Magalhães, diretor de Programação e Conteúdo da Claro disse que este é um problema que esta em todo o ecossistema audiovisual brasileiro. “Precisamos montar uma máquina para piorar a experiência do pirata, e para isso é avançar para o bloqueio regular e frequente das transmissões ilegais. Precisamos conseguir implementar um processo rápido e diminuir a experiência desses 30 milhões de usuários piratas”. Porque, para o executivo, a “talvez tenhamos mais assinantes de TV pirata que de TV tradicional, motivo pelo qual a pirataria é o nosso maior concorrente”.

Problema que para Jonas Antunes, diretor Jurídico-regulatório da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) só será resolvido se as agências reguladoras e o poder público começam a “restringir os acessos ilegais senão não voltaremos a crescer no país. Nós queremos respeitar o Marco Civil da Internet, mas nossa estratégia e nosso desafio é mostrar que o que estamos idealizando não vai infringir o marco civil”, apenas queremos “bloquear as plataformas ilegais, que roubam dados, que violam direitos autorais”.

Finalmente foi debatia a Lei do SeAC (Lei de Acesso Condicionado) que completa 10 anos. No painel, Fábio Cesnik da CQSFV Advogados disse que o advento das plataformas de streaming aparece como problema no Brasil porque “não existe uma regulação específica para o VOD, e com isso quais são os efeitos concorrenciais, que tipos de tributação devem ser colocados e como deve continuar o sistema para ser isonômico”. Entretanto Nathália Souza Lobo doMinistério das Comunicações, disse que o governo trabalha “para melhorar o diagnóstico” e avançar para uma regulação acorde ao momento.

Juca Worcman, CEO e fundador do Canal Curta

Pela sua parte, Juca Worcman, CEO e fundador do Canal Curta! disse que a Lei foi positiva já que cumpriu o seu objetivo de aumentar a cadeia audiovisual e gerar renda. “Houve centenas de conteúdos produzidos. Só nós disponibilizamos 140 longas-metragens e 800 episódios de séries, e tudo isso, até 2018.Por isso o fomento a produção é para a toda escala com produtos que vão ficando no stock e serão relevantes nos próximos 10 ou 20 anos”.

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