Prensario Zone: Mudanças na forma de trabalhar

Como no resto dos mercados da região, a pandemia modificou a forma de trabalhar na indústria audiovisual, e essas mudanças vieram para ficar, em alguns casos essas mudanças poderiam ter sido feitas no futuro, mas a crise sanitária as adiantou e acelerouos processos de transformação.

Em outros, os menos, (ou talvez nos jogadores com menor orçamento), essas modificações na forma de trabalho, não estavam nem nos horizontes mais distantes.

Nesse marco, o último não gerou apenas mudanças nas metodologias de trabalho, senão que as mudanças nos hábitos de consumo implicaram, também, grandes mudanças na oferta audiovisual: do aumento do consumo de streaming à necessidade de expandir a oferta para chegar a outros tipos de consumidores.

Por exemplo, este é o caso da Newco/Band, que segundo Newton Suzuki está preparando ´uma nova plataforma para oferecer ISPs’, muitas emissoras, seguindo os passos da Globoplay, esperam atingir novos públicos por meio de outros canais de distribuição; e a pandemia, sem dúvida, acelerou os processos mas era algo que o mercado já vinha pedindo há cerca de cinco anos.

As emissoras e as operadoras de TV por assinatura perceberam que não existe uma janela única, é preciso explorar o máximo de janelas possível e chegar ao maior número de consumidores, por todos os meios possíveis, seja ar, cabo, satélite ou streaming.

O diretor de Marketing e Distribuição do Grupo Bandeirantes anunciou que o Grupo Band vai lançar durante o segundo semestre de 2021 uma plataforma de streaming na qual oferece todos os sinais do Grupo, incluindo o sinal aberto da Band TV a pequenos provedores de internet (ISPs). Suzuki adiantou ainda que o Grupo se prepara para o lançamento de mais dois sinais, um para streaming e outro para TV paga.

Na indústria se observa uma grande transformação digital. O trabalho remoto e a nuvem ganham cada vez mais relevância e a Globo, uma das referências da região nessa área, segue avançando e mostrando o caminho. ‘Reunimos conteúdo e tecnologia para proporcionar uma melhor experiência aos nossos usuários’, disse Raymundo Barros, diretor de tecnologia e estratégia da Globo, e destacou que: ‘a parceria com o Google Cloud faz parte do programa de transformação digital do Grupo Globo, que integrou empresas dentro de uma nova estratégia baseada na entrega direta ao consumidor de seu portfólio de conteúdo, onde conteúdo e tecnologia estão juntos e a produção remota é uma constante’.

Barros comentou que a Globo realizou nos últimos três anos grandes transformações que deram início à integração das empresas TV Globo, GlobosatGlobo.comSomLivre, com um novo portfólio de produtos voltados diretamente ao consumidor, dos quais a Globoplay é a mais conhecida, e que funciona como o pilar do novo modelo de atuação de conglomerado de mídia brasileiro.

Embora haja mudanças, explicou o executivo, o foco continua sendo a produção e distribuição de conteúdo em plataformas tradicionais. ‘Não mudamos nada, mas abrimos uma nova frente em que conteúdo e tecnologia proporcionam experiências de consumo diferenciadas para mais de 100 milhões de usuários, brasileiros que compartilham seus hábitos com a Globo por meio do GloboID, o que nos permite oferecer experiências mais adequadas aos seus gostos’.

Para o diretor de tecnologia e estratégia da Globo, o acordo fechado com Google Cloud em abril passado -que contempla a migração de 100% dos seus centros de dados à nuvem do Google- gerará escala na produção e distribuição de mídia, lançamento de novos canais,integração da Android TV com Globoplay, entre outras iniciativas.

Continuando no caminho de incorporação de tecnologia para chegar direto ao consumidor (Direct-to-consumer), a Record aprimorou o CDN da empresa. André Sapucaia, gerente de tecnologia da Record TV, destacou que o desafio da empresa foram os picos de acesso a CDN. O executivo afirmou, ainda, que a criação da CDN da empresa, que começou a ser desenvolvida em 2004, foi propiciada para ter maior agilidade, reduzir a latência e assim ‘elevar a experiência de consumo dos usuários’.

Sapucaia explicou que os principais desafios quando se passa de uma infraestrutura tradicional para uma com CDN são a adaptação e entender como trabalhar os ‘picos de acesso’. Tendo claro isso, disse o executivo, o seguinte passo, talvez o mais complexo, é definir a escalabilidade já que a CDN da Record entrega conteúdo à emissora, ao www.R7.com e à PlayPlus (OTT do Grupo) permitindo melhorar o fluxo da distribuição de conteúdos em vídeo, e ainda a realização de Lives, já que em alguns momentos específicos são entregues conteúdos ao vivo. ‘No OTT do PlayPlus, o maior desafio é a entrega do programa ‘A Fazenda’, nosso momento com maior intensidade de acesso com um aumento de 60 a 70% a audiência na plataforma’.

Além deste serviço, explicou o executivo da emissora que ‘está estudando um projeto de multi-CDN pensando na importância de ter um ambiente com maior resiliência. A CDN tem um bom desempenho, mas sabemos que é preciso ter outras hipóteses em caso de problema’.

Problemas relacionados à tecnologia

Mas quando se trata de tecnologia digital, nem tudo é fácil. Há um ponto muito importante em que a tecnologia não vem ajudar, muito pelo contrário.É o caso da pirataria. No Brasil essa questão afeta muito a renda dos principais agentes da cadeia audiovisual. Analisando o problema, Alexandre Britto de Abott ‘s definiu: ‘A pirataria de conteúdo audiovisual no Brasil está assumindo um papel de protagonista’.

A Associação Brasileira de Over-the-Top (Abott´s) lançou um manifesto contra a pirataria no Brasil. Nele pede uma ação conjunta das plataformas OTT e as operadoras de TV por assinatura, além de medidas governamentais que possam frear o avanço no país com combate na origem e ações combinadas, com base regulatória, jurídica e policial.

Segundo a entidade, ‘precisamos de antemão de uma legislação não apenas contra à pirataria, mas ainda mudar o Marco Civil da Internet, permitindo qualquer ISP (trabalhando ou não com conteúdo audiovisual) ao identificar uma ilegalidade faça uma denúncia e bloqueio do sinal no equipamento de borda (BGP), para que o sinal pirata não seja transmitido dentro da rede gerenciável do ISP´.

Early adopter

Para Adriana Naves, head de distribuição de conteúdo para América Latina da Roku, o consumidor brasileiro é um ‘early adopter’ e que este é um país onde o mercado é pioneiro. ‘Vemos o mercado hibrido que mudou com a pandemia. O mercado de streaming no Brasil tem um consumo mais ativo e engajado, é maior que o norte-americano’.

Adriana Naves da Roku

Adriana disse que a pandemia trouxe mudanças importantes a ecossistema audiovisual, e uma que veio junto com o streaming foi a da postura do consumidor, ‘porque ele tem mais poder’, e no Brasil isso ainda é mais forte. ‘O modelo está em evolução’, de alguma forma aqui, explicou, ‘somos pioneiros. Vemos o mercado híbrido, o mercado de subscrição que mudou com a pandemia’.

Em termos de conteúdos, disse a executiva: ‘A Roku está aberta. Para nós tudo interessa. Queremos ter tudo tipo de conteúdo na nossa plataforma’. Entre as novidades da plataforma, Adriana anunciou que nos próximos tempos, ‘a Watch TV estará na Roku. Vamos traze-la para dentro da nossa plataforma para dá-lhe mais visibilidade’, e com isso, explicou, a plataforma vai chegar a um número maior de ISPs.

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