Durante esta semana, está ocorrendo com grande sucesso e um espírito de vanguarda singular a SET expo 2023, a feira da Sociedade de Engenharia do Brasil, no Centro de Convenções Expo Center Norte de São Paulo. Desde o início das conferências na segunda-feira, passando pela inauguração e pela conferência principal que se seguiu, pudemos ver um auditório lotado, até mesmo com muitos espectadores em pé, devido ao grande público que sempre participa dessas palestras.
Com o decorrer das conferências, foi se impondo o conceito brasileiro de exportação da TV 3.0, liderado em parte por Raymundo Barros, Vice-Presidente de Operações do grupo Globo, Carlos Fini da SET e o próprio Ministro das Telecomunicações, Juvencio Filho, que detalhou toda a agenda do governo para este projeto nacional, que deverá apresentar resultados em dezembro de 2024. Ele até divulgou os nomes das comissões de trabalho dedicadas a criar regulamentações em torno desta nova plataforma.
A moderação do encontro coube a Roberto Dias Lima Franco, conselheiro da SET e diretor de assuntos institucionais do SBT. Após uma breve introdução, destacando como a TV e o comportamento de massa estão longe de acabar, chamou Raymundo Barros, também conselheiro da SET e presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre.
‘Se pudesse resumir em uma frase, o objetivo com a TV 3.0. é inserir definitivamente a TV na economia digital, trazendo modelos e métricas típicas desse ambiente’, disse Barros. No Brasil, lembrou, 52% do share de consumo pertence à TV Aberta; já o streaming, com 20%, tem tomado espaço da TV Paga, hoje com 8%. ‘Cada vez mais, as pessoas têm combinado streaming com a TV aberta’. Outro elemento muito relevante é que as SmartTVs ou CTVs já possuem 60% de penetração no mercado e estão em ascensão. Hoje, é o segundo dispositivo de conectividade mais utilizado pelos brasileiros, superando até mesmo tablets e computadores. Até 2026, 33% da publicidade passará por eles, ‘Temos uma janela de oportunidade para que a TV 3.0 congregue esses dois mundos distintos, a escala de um com a segmentação de outro, assinalou Barros.
Para Moisés Queiroz Moreira, conselheiro da Anatel, a TV 3.0 não é mais uma expectativa, mas uma realidade a partir do momento em que se tem uma política pública encaminhada. ‘Nossa agência, como responsável pelos espectros brasileiros, por natureza finitos e escassos, fará seu trabalho para garantir uma implementação efetiva e segura’.
O protagonismo da TV 3.0 foi acompanhado por líderes de emissoras como José Marcelo Amaral da TV Record e outras emissoras abertas que participaram ativamente de toda a exposição, como SBT, RedeTV, EPTV, RBS, SKY e Claro, que foram alguns dos operadores mais procurados.
As salas de conferência não são o único local de aprendizado na exposição, já que também há muito movimento na arena montada no salão azul do Expocenter Norte, onde os expositores podem oferecer treinamentos ou mostrar produtos ao longo de todo o dia. Com uma agenda variada, no SET Arena, foi possível ouvir palestras sobre gestão de recursos humanos, consultoria financeira, inteligência artificial, produção virtual e realidade aumentada.
Revendedores e Integradores na vanguarda e regionais
O movimento nos corredores foi realmente intenso nos dois primeiros dias, com um público de qualidade, conforme nos relataram os expositores. É importante destacar na SET o protagonismo dos revendedores e integradores de soluções, que fazem parte da vanguarda do mercado brasileiro, que hoje, além de ser importante localmente, estão se posicionando muito bem na região e conquistaram um volume significativo de exportações, além da influência que têm como distribuidores principais de importantes marcas na região.
Inclusive, estão se destacando vários que há alguns anos não tinham esse nível de participação. Decididamente um jogador importante na região, como a Merlín, teve uma influência absoluta, juntamente com a Panasonic, Canon e Sony, que contou com seu presidente para a América Latina, Ken’Hibi, que já havia estado na ExpoPantalla no México, além da Pinnacle, com o estande mais movimentado com música ao vivo, juntamente com o crescimento da Blackmagic e suas outras marcas.
Além disso, entre os integradores, se destacaram a Alliance, que em apenas cinco anos de existência já é um dos maiores estandes; AD Digital, bem na frente, Convergint, ex-Seal, outro grande jogador no México e no Chile, além da Broadmedia, entre outros mais tradicionais e sempre relevantes como a CIS, a primeira a trilhar o caminho internacional, Phase, Videodata, Brasvideo ou Foccus, que começou a trabalhar com a Grass Valley como grande novidade.
Vale acrescentar que várias marcas tiveram estandes próprios para não depender de integradores, como a GV, que na IBC dará novamente destaque aos produtos ‘On premise’, além da AMPP (Plataforma de Processamento de Mídia Ágil); Harmonic, Dalet, ST Newtec, sempre importantes no Brasil, Voice Interactive, Bitmovin e Tellos, entre muitos outros. As empresas de satélite, como Intelsat, SES, Eutelsat e a nova opção da RSCC da Rússia, que tem cinco canais brasileiros em seu serviço, também deram muito brilho à feira, que termina hoje, quinta-feira.
Entre os expositores, destacou-se o clima de bons negócios, já que a quantidade e qualidade dos visitantes, em muitos casos, superaram as expectativas. ‘Normalmente, nesse tipo de feira, vemos as oportunidades de networking, as necessidades dos clientes e as novas soluções que estão chegando ao mercado, mas ficamos muito surpresos ao ver que alguns clientes já vieram solicitando fechar negócios, inclusive fechamos um na feira, algo que não é nada comum’, destacou João Paulo Querette, CEO da Alfred.
Querette não foi o único a expressar isso: ‘Estamos sempre atentos aos operadores de Tier 1, que são nossos grandes clientes, mas estamos vendo muitos visitantes do Tier 2 e Tier 3, que vêm com necessidades específicas e, quando as encontram nos estandes, querem comprá-las imediatamente’, destacou Billy Neves, da Broadmedia.
Nesse conceito de imediatismo nas compras, não tão comum em uma feira, muitos estandes, como NEOID ou Define, para citar apenas alguns, especializados em produtos para profissionais de vídeo, tiveram um grande número de visitantes, muitas vezes querendo comprar produtos que nem sequer estavam em estoque.
As palavras dos visitantes
Da TV Novo Tempo, compartilharam que estavam conferindo os lançamentos em câmeras e iluminação. ‘É a quinta ou sexta vez que venho aqui, acho que é muito importante estar presente para ver as novidades’.
Outro visitante destacou para a organização que era a terceira vez que visitava a exposição e que já adquiriu novos equipamentos após a visita à feira. ‘Sempre é uma oportunidade para me atualizar sobre as novidades do mercado’, comentou.
Também pelos corredores do Expocenter Norte, pudemos encontrar estudantes de Rádio e TV, que ressaltaram: ‘Tem sido interessante porque de algumas coisas nade o temos a chance de ver nos estúdios universitários. Assim, podemos conhecer coisas com as quais nunca tivemos contato e novidades que estão apenas entrando no mercado agora’; ‘Conseguimos ver muitas coisas, desde equipamentos de pré-produção, iluminação, captura até transmissão. É muito bom ver tudo isso em um único lugar’, destacaram desde um grupo de estudantes de USP.