Tradicional evento marcou o retorno dos eventos presenciais da SET, mostrou a força do mercado brasileiro e o interesse da comunidade internacional. Keynotes da ATSC, IABM e NAB foram destaque junto com a mesa final que analisou o estado da arte do broadcast no país. Pela primeira vez o evento foi transmitido ao vivo pelo Facebook para que o público que não pode viajar, possa participar do evento.
Mais de 140 profissionais da indústria participaram nas três manhãs do SET’30, tradicional evento da SET, que marcou a retomada dos eventos presenciais da entidade, e que ‘superou as espectativas’, disse Olímpio Franco, superintendente da SET e responsável pelo evento.
A novidade de 2022 foi a mudança de sala para o West Hall, novo pavilhão do Las Vegas Convention Center, e com ele uma nova disposição das salas e local para o tradicional café da manhã que oferece a SET aos inscritos no SET’30.
Keynotes internacionais

Entre os destaques das palestras, os três (3) keynotes mostraram, uma vez mais, a importância do mercado brasileiro para as entidades internacionais. Palestraram a Presidente do ATSC (Advanced Television Systems Committee Inc), Madeleine Noland, quem descreveu o avanço do padrão nos Estados Unidos, traçou o caminho da entidade e a sua evolução, e compartilhou experiências com o público brasileiro.
Peter White, Presidente da IABM (International Trade Association for the Broadcast & Media Industry), falou da convergência e transformação da tecnologia de mídia, bem como na crescente importância da resiliência em tempos turbulentos. Ele disse que o futuro demandará muitos investimentos para se alavancar este novo normal, mas é preciso moderar os investimentos em serviços, já que há um grande impacto na produção pela demanda de equipamentos que deverão ser mudados muito rapidamente. Ainda disse que há um paradoxo entre o que é possível investir e o resultado.


O terceiro dia foi a vez de Sam Matheny, Vice-Presidente Executivo e Diretor de Tecnologia da NAB (National Association of Broadcasters), que explorou o passado, presente e futuro da tecnologia e negócio de broadcast, com ênfase nas tendências que impulsionam a mudança, e disse que o futuro passa pela junção de broadcast e broadband onde é possível enviar sinal em HD por ar e 4K pela nuvem. Matheny disse, ainda, que nos últimos anos e com a implantação do ATSC 3.0, nos Estados Unidos a TV aberta ganhou relevância e hoje atinge 4 vezes mais público do que há 10 anos.


Transmissão, cloud, produção remota e streaming
As palestras tiveram intervenções de executivos brasileiros e internacionais e versaram sobre transmissão satélital, por mochilink (LiveU), plataformas de streaming, OTT, nuvem e playout. Os três dias mostraram os principais tópicos do momento na indústria e trouxeram para as salas W208 e 209 um pouco do que foi demonstrado nos stands dos três pavilhões ocupados pela NAB 2022.
Das palestras destaque para Cauê Franzon, gerente Executivo de TV e Rádio da RBSTV, que disse que a empresa experimentou no fim de 2021 as soluções mais leves de produç
ao remota, mas que elas têm uma quebra de paradigma na produção, e que por isso, “pensamos na evolução da operação para algo que seja mais parecido ao cotidiano do jornalista. Com as mochilas, há mais operação, mas ela avança para produção com mochilas e 4 câmeras”. Ele disse que a emissora fez um evento completo com um dispositivo da LiveU com quatro câmeras, e que a ideia é avançar para novos desafios em produções maiores.

Na análise dos novos workflows da indústria, a palestra “A eficiência e benefícios dos serviços baseados na nuvem”, analisou a agilidade e confiabilidade das operações realizadas na nuvem, falou-se de diversas soluções, mas ficou claro que a decisão das empresas de realizar playout na nuvem é um tema importante, já que isso permite uma maior agilidade e flexibilidade dos processos, mas tanto, Jurandir Pitsch, VP, Vendas e Desenvolvimento de Mercado – Vídeo – América Latina da SES, como Larissa Görner, Senior Director PLM de AMPP da Grass Valley, e Eliésio Silva Júnior, Harmonic inc, Sales Director Brazil, explicaram que tudo é uma jornada que deve ser realizada e que dependendo do caso, a solução deve ser integrada e customizada. Ainda, os executivos deixaram claro que é necessário mudar ou adaptar o workflow e com isso, transformar a cadeia de produção.

Estado da arte do broadcast brasileiro
A palestra que encerrou o SET’30 foi moderada pelo Prof. Doutor Fernando Carlos Moura, Editor-chefe da Revista da SET e teve como palestrantes Roberto Franco, Conselheiro da SET e VP de Assuntos Institucionais e Regulatórios do SBT; José Marcelo Amaral, Diretor de Engenharia e Operações- RecordTV; Phelippe Daou Jr, CEO da Rede Amazônica e Raymundo Barros, conselheiro da SET e Diretor de Estratégia & Tecnologia da Globo.

O painel, ‘A visão do executivo: O estado da arte da tecnologia e dos negócios no mercado audiovisual”, debateu o estado da arte da televisão brasileira, vislumbrou o seu futuro e analisou o processo de cloud-based, SaaS, áudio MPEG-H e os próximos passos da TV 3.0, sem deixar de lado a TV 2.5 e a situação atual da televisão brasileira ante o avanço das plataformas de streaming. Ainda foi destacado que experiência do usuário é o norte para a produção, distribuição e receita das emissoras, e que estas já não são, apenas, produtoras e distribuidoras de conteúdos on-air, mas sim multiplataformas.
Para os participantes, o ecossistema mudou e vivemos em um momento onde os concorrentes da TV aberta não são apenas os serviços de TV por assinatura ou de streaming, mas também as plataformas próprias que os fabricantes de televisores lançaram, Nesse ponto, tanto Barros como Franco e Amaral coincidiram em que devem ser regulados e que estes serviços “Fast”, precisam de ter obrigações não só fiscais, mas também de conteúdo.

Com respeito a nuvem, todos coincidem que é uma jornada sem retorno e que deve ser parte do roadmap das emissoras. Barros disse que a nuvem é um caminho sem volta, mas que a jornada deve ser acompanhada com o maior entendimento do usuário. Ele disse que a nuvem é fundamental para a produção remota. ‘Fizemos a cobertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 com apenas dois técnicos no local. Tudo com produção remota’, feita na nuvem do Google.
Pela sua parte, José Marcelo Amaral comentou que para a RecordTV, é fundamental manter a relevância da TV aberta no país, e disse que para isso, é necessário seguir apostando no entendimento do usuário, e junto a isso, conhecer os seus hábitos de consumo. Em termos de streaming, o executivo disse que a empresa está pensando em desenvolver um sistema de entrega própria de conteúdos por streaming aumentando as CDNs e tendo maior capilaridade.